TEM GENTE MORRENDO, ANA (À ANA MONTENEGRO)
Solano Trindade
Tem gente morrendo
No sêco Nordeste
Tem gente morrendo
Nas sêcas estradas
Tem gente morrendo
De fome e de sede
Tem gente morrendo Ana
Tem gente morrendo
Tem gente morrendo
Nos campos de guerra
Tem gente morrendo
Nos campos de paz
Tem gente morrendo
De escravidão
Tem gente morrendo Ana
Tem gente morrendo
Tem gente morrendo
De angústia e de medo
Tem gente morrendo
De falta de amor
Tem gente morrendo
De ódio e de dor
Tem gente morrendo Ana
Tem gente morrendo
Tem gente morrendo
Nas prisões infectas
Tem gente morrendo
Porque quer trabalho
Tem gente morrendo
Pedindo justiça
Tem gente morrendo Ana
Tem gente morrendo…
Sim Ana Tem gente morrendo…
* (Poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante do Movimento Negro e do Partido Comunista, nascido em Recife em 24 de julho de 1908. Traz em sua obra as reivindicações sociais dos negros em busca de melhores condições de vida. Faleceu em 19 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro).
Questão para refletir sobre o texto: Como a gente morre todo dia?
Parabéns pela iniciativa. Contos, encantos e poesia para tornar mais vivos os nossos dias de quarentena.
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Tatiana, é literatura para nos acolher, afetar-nos e para nos ajudar a recontar a nossa própria história.
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Belíssima iniciativa!
Que gostoso entrar neste cantinho e ver tantas lindezas nestes dias estranhos que estamos vivendo.
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