Você encontrará aqui textos produzidos mensalmente com o propósito de fortalecer o pensamento crítico, reflexivo, analítico, promovendo o acesso às informações corretas sobre a realidade brasileira. Para isto, será realizado um giro panorâmico acerca das principais notícias e acontecimentos envolvendo o contexto pandêmico, o estado mundial de emergência climática, questões sociais, políticas, educacionais, econômicas, entre outros temas atuais.
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Aumento da população mundial: bem viver, vidas humanas, relações sociais com vidas mais-que-humanas?
Novembro, reconhecidamente o mês de rememorar o legado de Zumbi dos Palmares e de celebrar a consciência negra, no Brasil. Foi também o mês para eternizar a lembrança da existência de Gal Costa, de Erasmo Carlos e de Pablo Milanés, ícones da música mundial; da realização da COP27, no Egito, e do início da Copa do Mundo de 2022, no Catar. Além disso, foi em 15 de novembro de 2022, que se registrou a existência de 8 bilhões de pessoas no mundo. Deste modo, é importante nos perguntarmos qual o significado desse aumento populacional global para as relações sociais entre pessoas humanas, e desta com as pessoas mais-que-humana na terra, uma vez governos e corporações internacionais, apesar do Acordo Ambiental de Paris, continuam resistindo em diminuir emissão de dióxido de carbono na atmosfera, entre outros gases de efeito estufa, como apontou o Relatório Mudança Climática 2022: impactos, adaptação e vulnerabilidade – IPCC. A inquietação socioambiental que se repete e reverbera é: quem sofre e quem morre com a Intrusão de Gaia, ou seja, com as catástrofes climáticas e ambientais no nosso tempo? (https://www.ipcc.ch/report/sixth-assessment-report-working-group-ii/ https://www.youtube.com/watch?v=js3BlKEzhoI https://www.youtube.com/watch?v=0sPAnsHXsG0).
De acordo com a Chefe do Fundo de População das Nações Unidas, Rachel Snow, esse marco populacional indica um sucesso humano global, pois as pessoas estão sobrevivendo e a expectativa de vida aumentou em todo mundo. Dentre outros aspectos, ressalta a importância da educação formal, em especial, para as meninas e mulheres, que se tornaram, desde a década de 70 do século passado, mais atentas aos seus direitos reprodutivos e às suas escolhas, o que é um indicador de desenvolvimento sustentável no mundo (https://www.youtube.com/watch?time_continue=183&v=E6Aj24MOtQQ&feature=emb_logo). Por outro lado, como adverte o Diretor-Geral das Nações Unidas, António Guterres, em artigo de opinião sobre a chegada da população mundial a oito bilhões em meados de novembro, “Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos.” (https://news.un.org/pt/story/2022/11/1805267). O que indica a necessidade de trabalharmos para problematizar as questões socioambientais e as diferenças socioeconômicas e seus reflexos na vida da maioria da população mundial, bem como para minorar os impactos do crescimento econômico no meio ambiente e, portanto, aprender com as cosmologias e com os modos de vida dos povos originários, povos quilombola, povos ribeirinhos, população periférica, entre outras etnias, raças e populações, a enfrentar e a mitigar os efeitos e consequências devastadoras do homem antropoceno, que protagoniza o colapso ambiental e a emergência climática em todas as partes do planeta (https://www.youtube.com/watch?v=UuCg4meOc6 https://www.youtube.com/watch?v=01NjwAjBAy0&t=967s).
No que se refere à reflexão sobre o enfoque étnico racial, cabe lembrar que no dia 24 de novembro de 2022, o cantor Gilberto Gil e sua esposa foram atacados na Copa do mundo no Catar com xingamentos e ataques racistas enquanto se dirigiam ao estádio de futebol (https://jc.ne10.uol.com.br/social1/2022/11/15130048-o-que-aconteceu-com-gilberto-gil-cantor-e-atacado-durante-copa-do-mundo-e-assusta-fas-veja-video.html). Os agressores debocharam da representação cultural atrelada à imagem do cantor e, aos gritos chamavam-no de “Lei de Rouanet”, negaram suas contribuições para o Brasil e de maneira intolerante proferiram piadas referentes ao seu posicionamento político. Isso aconteceu durante todo o trajeto do cantor, que não respondeu à perseguição. A notícia repercutiu internacionalmente e gerou mobilizações em defesa do artista nas redes sociais, este, por sua vez, agradeceu a solidariedade (https://www.youtube.com/watch?v=GJpvK7CjIvo https://www.youtube.com/watch?v=-c0GXT1ICis https://www.youtube.com/watch?v=MxiFjCyDqBk).
Por outro lado, dias antes, em 20 de novembro, o mundo compartilhou a triste notícia do falecimento da ativista argentina Hebe de Bonafini, líder do movimento Madres de Plaza de Mayo, que posteriormente se tornou uma associação. Mães e avós se reuniam todas as tardes às 15h 30min., às quintas-feiras, circulavam a praça com faixas e clamavam exigindo esclarecimentos sobre os filhos e netos desaparecidos e mortos durante a ditadura cívico militar argentina. Alguns noticiários reforçam que até mesmo durante a Copa do Mundo de 1978 elas não pararam, assim como persistem até hoje, mesmo depois da redemocratização, segundo elas “para deixar viva a memória e jamais se repetir” (https://www.360meridianos.com/especial/historia-maes-da-praca-de-maio https://www.youtube.com/watch?v=3jUApjto6wo https://www.youtube.com/watch?v=Sh1wD4zooQ4).
Embora contrários, os acontecimentos acima nos remetem à grande necessidade de pensarmos na humanização da dita humanidade, na urgência do empenho de todas as esferas da sociedade por um mundo respeitoso, seguro e acolhedor, entre todos os seres, objetivando o bem viver, (Bien Vivir/ Vivir Bien. (https://usinadevalores.org.br/o-bem-viver-e-a-radicalidade-de-sonhar-outros-mundos/). Novamente, estas reflexões nos remetem ao questionamento inicial: o aumento populacional favorece a evolução ou a involução das condições das vidas humanas e das relações sociais que estabelecemos com as vidas mais-que-humanas? (https://www.youtube.com/watch?v=6NQFqSes6vg&t=2857s https://www.youtube.com/watch?v=fW5JP-a_3XM&t=381s https://www.youtube.com/watch?v=l1fr1uyu1Os).
Mitishaeli Souza, Sandra Ataíde, Keyla Ferreira
Muito bom!
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