Momento
Adélia Prado*
Enquanto eu fiquei alegre,
permaneceram um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seus lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo pra mim, anteparo
para o que foi um acometimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.
*Poetisa, professora, filósofa, romancista e contista brasileira ligada ao Modernismo, nasceu em Divinópolis, em Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Publicou seu primeiro livro aos 40 anos. Em 1978, lança O Coração Disparado, com o qual recebe o Prêmio Jabuti de Literatura.
Pergunta para refletir sobre o texto: Como tem passado os seus dias?
Parabéns pela iniciativa. Contos, encantos e poesia para tornar mais vivos os nossos dias de quarentena.
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Tatiana, é literatura para nos acolher, afetar-nos e para nos ajudar a recontar a nossa própria história.
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Belíssima iniciativa!
Que gostoso entrar neste cantinho e ver tantas lindezas nestes dias estranhos que estamos vivendo.
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