Giras(sóis)

Girassóis de Maio: a segunda semana

Aqui estamos com mais um giro de notícias da semana feito para você.

Começamos pelos novos casos de covid-19 na China, Coreia do Sul e Alemanha, reafirmando o contexto de incerteza mundial sobre o comportamento do novo coronavírus. Assim como, a necessidade de maior responsabilidade, das autoridades e da população, frente às medidas de flexibilização do isolamento social e de reabertura de atividades não essenciais durante e após a pandemia, sob suspeita de estarmos diante de uma guerra, verdadeiramente, “mais prolongada” (www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2020/05/comecou-de-novo-por-coreia-do-sul-alemanha-e-china.shtml).

Fazendo uma ligação entre o retorno da covid-19 nesses países, a luta pela redução das desigualdades e a forma subumana com a qual a maioria dos brasileiros estão enfrentando essa pandemia, presenciamos um escancarado, e covarde, cenário de guerra no nosso país, tendo a lógica do mercado como pivô dessa situação. Três notícias publicadas na semana passada reforçam essa ideia e intensificam nossa preocupação. A primeira diz respeito ao atraso da segunda parcela do pagamento do auxílio emergencial (economia.ig.com.br/2020-05-13/ainda-sem-data-segunda-parcela-do-auxilio-de-r-600-ja-tem-15-dias-de-atraso.html) que, além de intensificar a crise política que também nos atravessa, tem sofrido ameaça constante de corte, afetando, inclusive, a saúde mental da maioria da população brasileira. A segunda foi o registro da curva ascendente de casos da covid-19 aqui no Brasil (brasil.elpais.com/brasil/2020-05-14/ao-vivo-ultimas-noticias-sobre-o-coronavirus-e-a-crise-politica-no-brasil.html), favorecendo, ainda mais, o plano neoliberal de destruição do nosso país que, no último dia 12.05.2020, completou quatro anos de instalação e intensa atividade (www.brasil247.com/blog/quatro-anos-de-golpe-e-destruicao-do-brasil).

A terceira notícia concerne, por um lado, ao debate acirrado pautado pelos membros dos comitês de enfrentamento à covid-19, formado em algumas prefeituras, sobre a saída do isolamento social e retorno das atividades do comércio (www.brasildefatomg.com.br/2020/05/13/meu-receio-e-que-o-brasil-seja-centro-da-pandemia-do-mundo-com-milhares-de-mortes), exatamente no momento de crescimento da curva de espalhamento e contaminação do novo coronavírus, evidenciando a incidência da sua disseminação entre os mais pobres e os negros, visibilizando históricas desigualdades e injustiças sociais. Por outro lado, à adoção do confinamento rigoroso (lockdown) por parte de alguns Estados federativos (www.youtube.com/watch?v=EXNIOaDWNOs). Tudo isso estimulou a publicação de notícias com enfoque mais crítico e cuidadoso, fortalecendo a necessidade de reflexões mais contundentes acerca dessas medidas e seus desdobramentos (www.tijolaco.net/blog/o-auschwitz-da-retomada-exercito-levando-pais-e-maes-de-operarios/).

Entretanto, a semana que findou marcou também um ano da realização de um protesto, nas ruas, que entrou para história mundial da luta pela democracia e pela redução das desigualdades sociais no Brasil e no mundo. Trata-se do protesto organizado, e protagonizado, pelo Movimento Estudantil brasileiro e também pelos professores, no dia 15 de maio de 2019, com uma grande mobilização nacional contra os cortes da educação impostos pelo atual governo (brasil.elpais.com/brasil/2019/05/15/politica/1557950158_551237.html).

Esse protagonismo do Movimento Estudantil brasileiro, representado pela União Nacional de Estudantes, é acalorado, novamente, esse mês, para defender, em solicitação conjunta com outras entidades da Educação, a suspensão do calendário do ENEM/2020 (https://une.org.br/noticias/entidades-lancam-nota-conjunta-pelo-adiamento-do-enem/). Esta solicitação coletiva, apoiada na evidência do aumento das desigualdades sociais no Brasil que, entre outras coisas, inviabilizam o acesso à aprendizagem significativa por meio remoto à maioria dos estudantes brasileiros concluindo o ensino médio no contexto de pandemia. Essa mobilização é endossada pelo Consórcio Pernambuco Universitas, composto pela UPE, UFPE, UFRPE, Univasf, Unicap e Ufape, que também desaprova a manutenção do calendário do ENEM/2020, por entender que a continuidade desse calendário irá, seguramente, agravar as diferenças educacionais existentes no Brasil, “uma vez que a rede pública de ensino concentra mais de 80% dos alunos do Ensino Médio e os estudantes mais pobres certamente enfrentam as maiores dificuldades para estudar com as escolas, os programas e projetos de preparação para o Enem suspensos” (www.ufpe.br/agencia/noticias/-/asset_publisher/VQX2pzmP0mP4/content/consorcio-pernambuco-universitas-divulga-nota-pelo-adiamento-do-enem-2020/40615). Além disso, com essas duas notícias, fica clara a denúncia à falsa ideia de universalização de dispositivos tecnológicos e de acesso à internet por parte da maioria dos nossos estudantes, de modo que não se pode garantir as mesmas condições de ensino e aprendizagem a todos. Especialmente, nesse momento em que o isolamento social ainda se mostra o meio mais eficaz à pandemia, necessitando que as escolas se mantenham fechadas, sem uma definição precisa de retorno presencial às aulas.

É também nesse contexto, em que a ciência brasileira é reafirmada em sua função ética e as Universidades Públicas produzem em todas as áreas do conhecimento para atender às demandas científicas, humanas e sociais provocadas pela covid-19, que se vê materializar, mais uma vez, o protagonismo estudantil. Desta vez, em uma publicação intitulada “Catalogando Ideias”, produzida por estudantes e docentes da UFPE com “o objetivo de ajudar às famílias, através de atividades lúdicas, a enfrentarem estes momentos de confinamento social” (https://ficadicadoce.files.wordpress.com/2020/05/catalogando-ideias-vol-1-2-1.pdf). Esta publicação, parte do projeto de extensão Fica a dica do centro de educação – UFPE, reflete um movimento singular e necessário de cuidado com a atenção e saúde mental da criança e da educação infantil, por dentro das ações de enfrentamento à curva exponencial do novo coronavírus, enfatizando a expansão da vida e a expressão humana em suas diferentes dimensões: corporal, emocional, mental, relacional, cognitiva, social, priorizando a infância, construindo novos laços e contratos sociais e, consequentemente, manifestando no mundo presente relações humanas pautadas a partir da solidariedade, de um novo mundo futuro, possível.

Keyla Ferreira e Sandra Ataíde

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