EntreLAÇadOS

Este é um espaço aberto à interatividade para que você possa relatar por escrito suas experiências, pessoais e coletivas, de encontro consigo mesmo e com o outro. É um espaço para você interagir com toda a comunidade virtual, expressando suas vivências, sentimentos e posições sobre os acontecimentos que lhe afetam e que também estão presentes da vida cotidiana.

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Como é ser mãe e universitária da UFPE?
Estudante do CAV-UFPE

Gostaria de compartilhar com vocês um pouco da minha jornada como mãe de
uma criança no espectro autista enquanto estudante universitária. Desde que
entrei na universidade (2012), tenho enfrentado inúmeros desafios que muitas
vezes são incompreendidos e subestimados simplesmente por ser mãe. Ser
mãe universitária já é uma tarefa árdua por si só, mas quando você adiciona à
equação o cuidado de uma criança no espectro autista, os desafios se
multiplicam. A rotina acadêmica exige uma dose extra de flexibilidade e
organização para conciliar as demandas da universidade com as necessidades
especiais do meu filho. No entanto, mesmo diante das adversidades, AINDA
tenho enfrentado situações que me deixaram perplexa. Recentemente, durante
uma seleção para um laboratório de pesquisa no centro de biociências, fui
contestada por um professor sobre como conciliaria minhas responsabilidades
como mãe com o trabalho de campo. Ele questionou com quem eu deixaria
meus filhos, sugerindo que eles poderiam atrapalhar o andamento do projeto.
Essa situação evidenciou uma realidade difícil de engolir: muitas portas são
fechadas para nós simplesmente por sermos mães. Tenho certeza que essa
não é uma realidade que enfrento sozinha. Muitas de vocês também devem ter
experimentado situações semelhantes, onde somos questionadas,
subestimadas e colocadas à prova apenas por sermos mães. É uma realidade
injusta e desafiadora, mas não devemos nos resignar a ela. E que bom que
chegou a hora de nos unirmos e compartilharmos nossas experiências, para
que todas as mães universitárias saibam que não estão sozinhas. Devemos
sim levantar nossas vozes e exigir um ambiente acadêmico mais inclusivo e
acolhedor, onde a maternidade não seja vista como um obstáculo, mas sim
como uma força. Merecemos ser reconhecidas pelo nosso valor como
estudantes, pesquisadoras e mães.

7 comentários em “EntreLAÇadOS

  1. Vou postar aqui mesmo. Depois, eu posso esquecer. É algo que me tem ocorrido com mais frequência: esquecimentos. Eu talvez penda mais para o psicológico nesse relato, porque sou psicólogo, talvez. Então esqueci de cancelar assinatura do Telecine Play (eu assinei só pra ver Bacurau de graça, e esqueci de cancelar depois), esqueci de pagar internet, água, esqueci datas de aniversários importantes (tipo, que eu lembrava tão bem como a minha… e eu não tenho certeza ainda se lembrei. Lembrei nada…), números de telefones importantes estão parecendo aos poucos incertos, estranhos. Eu estou achando isso bem interessante e agradável. Eu acabei de esquecer o nome de Manuel de Barros, um dos poetas que mais gosto. Há uma lista grande de esquecimentos que pararei por aqui. Minha esposa e filha estão usando com muita frequência um tal de TikTok (acho que é isso mesmo) e isso de certo modo as alegra bastante. Eu tenho estudado o idioma italiano e tenho mexido com música e com argila. E tenho estudado psicologia, coisas do doutorado, principalmente. E tenho feito novas receitas. E tenho dado aulas de inglês às duas moças. Muito interessante experiência tem sido esta, por sinal. Estou mais caridoso, mais bonachão, eu acho. Muito preocupado fico em pegar o vírus, não saio de casa, quase. Raramente eu saio, pra comprar comida. Tem sido uma experiência até pessoalmente interessante. Meus sonhos (sonho de dormindo mesmo, mundo onírico) estão mais longos e ricos e, curiosamente, ‘recordáveis’. Gosto que veio aqui outro dia uma borboleta. Estou há seis anos no Recife e nunca tinha visto isso. Meu gato outro dia comeu um passarinho. Nunca mais tinha visto essa cena, de gato com passarinho na boca. Amanheço no quintal e vem às vezes um beija flor beber água numa garrafinha que coloquei para eles. Veio uma manhã um bem-te-vi enorme, amarelão, lindo. A arte tem mostrado mais o que é, para mim. É, ou ao menos parece ser, uma condição humana. Como a água sabe, ou o cálcio. Sem arte, sem ser artístico, a gente morre, eu acho hoje. Comecei Yoga mas não gostei. Não sei se foi a tutora vaidosa ou a série de posições. Chato, achei (que namasté o quê!). Mas tem gosto pra tudo. A quarentena deixou mais fácil lavar a louça. Até varrer. O Brasil está essa loucura até um pouco assustadora. Evito pensar nos desdobramentos próximos. Espero que a gente resista e lute sempre. Amo muito o Brasil e o povo brasileiro e nordestino, principalmente. Acho que estamos muito doentinhos. Uma pena. Morreram pessoas tão boas, como o Aldir Blanc. O Brennand, uma pediatra amiga de mainha, um rapaz trabalhador (que trabalhava muito) aqui do bairro, aquele ator, Migliaccio, por esses dias. O Moraes, rapaz… Só gente boa, morrendo. Eu acho curioso esse movimento. Bem, espero ter ajudado. Acho que tenho sido um bom confinado. Tenho lidado bem com isso. Eu recomendo a todos, principalmente aos que estão se atrapalhando nesse momento; arte. Arte e churrasco e despreocupação e esquecimentos têm me feito muito bem. O celular nesse contexto atual, para mim, ficou mais fraco. Mas talvez funcione bem para passar um trote inofensivo.
    Se cuidem tod@s. Alegria, ânimo e coragem.

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  2. Que lindeza de texto!! tão profundo e tão adequado aos nossos tempos!! Gratidão pela concessão do maravilhoso texto, Newton Moreno.

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